terça-feira, 6 de novembro de 2012


Sobre a Rainha Che Be To a Sou (da música Spray de Pimenta do Coletivo Gororoba):

Poema do Rei Celso Borges para sua divina.


Ó tu, bela, que veio,
Sob o céu da areia clara
Onde anda a sombra de teus passos?
E tuas asas brasas?
Ó tu, das ancas de nácar, pomba de âmbar
Mil versos roubados pra te suspender no ar
E minha língua ligada em tua língua
Minha boca mole em tua embocadura/

Era uma vez uma rainha de um rei
no reino de Okifô
Uma rainha chamada Che Be To a Sou
Eu, Guebana Rei,
Vou pentear fio por fio seus pentelhos de ouro
morder seu pulso
mão de caranguejo roendo o braço do mar
morder seu traço, xiri quase xiri
entre pernas língua de bacuri/

Como um rio passas no reino, minha aldeia
Tu, minha alteza como um peixe
dentro da correnteza que passeia
Che Be To a Sou e seu corpo à mostra
pérola fora de ostra
Olho d’água que brilha e sereia
Vendo a beleza de quem te revela
Tu, rainha, sendo minha passarela/

Ei, Che Baby
Colocaram minha alma em tua boca
Quem tem boca vai a fome,
Babo, Che baby, babo
E te lambuzo com o óleo santo dos astros
São para ti os meus ombros os meus braços
Dedos em bando, lírios brancos que te rodeiam
Aqui ó, eu te corôo,
minha rainha do reino de Olorô: Che Be To a Sou

Palavra de Guebana Rei/

Eu sou mais tu do que ninguém
Eu tô é tu que não sabe disso
Ei, rainha, por onde passas tudo me guebana
Ei, tu, que bailas por aí no reino, na praça
Na boca de cena no cine entre laços de fitas, chuvas de prata,

ave che baby, cheia de graça

Spray com pimenta nos olhos
de quem me roubar os olhos de Che Be To a Sou

Ei, tu, Che Baby, Ei, honey, aqui ó
Quero te dizer uma coisa: psiu
O que tu guardas me alucina

Eu Guebana Rei,
como um sopro de teu riso, assino em baixo


São Luís, Reino de Okifô, décimo quarto dia da primeira lua das rosas vermelhas.

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